Sim, estávamos sem nos falar há cinco anos. Problemas no grupo em que tocamos juntos, o Kangoma (além da nossa personalidade), nos transformaram em dois animais ferozes que não podiam se encontrar sem que um dos dois saísse bem ferido.
Mas o tempo faz das suas: em meus trabalhos solo, por mais que estivessem junto comigo baixistas excelentes, nenhum deles conseguia entender minhas propostas e ter um linque de afinidades musicais como eu conseguia com o Maurício. Entendíamos o som da mesma forma e quando tocávamos, somávamos nossas influências de tal maneira que tudo parecia telepático. Era só nos olharmos que o som já estava pronto, que tudo se encaixava. Tínhamos a mesma escola (da música brasileira e principalmente da música progressiva e do psicodelismo) de influências. E lá, nos primórdios, embora não tivéssemos nos encontrado, participamos das mesmas bandas, em coincidências alucinantes.
Certa noite sonhei que estava num ringue com ele e em vez de boxe, iríamos tocar juntos e resolver nossa antiga pendência. Não sei porque, e nem sei como, mas no dia seguinte, o Maurício me manda um linque com músicas do King Crimson, uma de nossas grandes influências. Respondi como se nada tivesse acontecido e voltamos a nos conversar. Depois de uma troca esfuziante de emails bombásticos de desculpas mútuas, reconhecimento e viadagem, ele me relata que estava sem baterista para seu grupo o Mahalab e pergunta se não conhece nenhum batera para ajudá-lo. Sem pensar - não queria pensar - me ofereci e a mágica voltou.
O Mahalab é um grupo que conta com uma formaçào inusitada - apenas baixo, bateria (e percussão) e voz. Talvez influenciado pelo Kangoma que possuía uma formação semelhante, mas cujas composições são orientadas pela música progressiva, pelo psicodelismo e pelo experimental, além de mensagens positivas nas letras, coisa que faz muita falta hoje em dia. Maurício é um dos melhores e mais criativos baixistas e compositor que já vi e Jamila é dona de uma voz poderosa, que ainda vai ser conhecida por esse mundão de meu Deus. Espero estar a altura...
Não sei no que vai dar, mas está sendo muito bom tocar com eles, uma espécie de releitura musical e de influências que está sendo muito produtiva e positiva prá mim. Vamos ver no que vai dar.
Pela amizade que venceu, prá mim já deu mais do que certo...
Chamando o povo prá cantar!
Maurício endoidando!
Yan Kaô se recusando a tirar o cisco do olho da Jamila.
Momentos de um azul confortável.