Música, literatura, poesia, idéias, arte, batera, percussão e porrada, se precisar!

"Como sabe que sou louca?", indagou Alice.
"Deve ser", disse o gato,
"ou não teria vindo aqui".
(Alice no País das Maravilhas)


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Show Ressurreição em São Francisco Xavier - Sp - 31/01/2009

HILÁRIO DE CACHIMBO NOVO:
HIlário Bispo e poeta e um dos maiores amigos meus! Um cara genial, orador inigualável e homem "sui generis" com seu cachimbão, cachimbando o mundo e fazendo amigos!!! É uma homenagem ao bom caráter, coisa rara nos dioturnos!
HILÁRIO DE CACHIMBO NOVO
(Yan Kaô)

Hilário de cachimbo novo...
Hilário agora é doutor...

Hilário agora vai fazer o que sempre quis...
Seus irmãos do mundo todo vão cantar...
Respirar a fumaça colorida...
Invadir as avenidas prá dançar...

Hilário, seu cachimbo espalha amor!!




MEDO DA VERDADE:
Uma história verídica que presenciei na minha infância: conta a história de alguns vizinhos, um homem que foi traído por sua esposa e executado pelo melhor amigo que era da polícia. Hoje os dois são muito felizes em sua casa na praia.

MEDO DA VERDADE
(Yan Kaô)

Desceu correndo do morro, sentindo o pavor...
Muita dor nas feridas, as mãoes de encontro ao chumbo nas pernas...
Um filete de sangue unia sua alma com a risada do agressor:
Seu melhor amigo.

O capitão da polícia que agora o caça como um animal!

Medo da verdade!

A mulher que ele amava cuspiu na sua cara, dizendo assim:

"Policial é mais homem, não bebe, não treme, não sabe perder..."

"Olha bem pro seu filho e vê se entende o que quero dizer!"

E foi faca zunindo, vizinho gritando, a polícia chegando, chegando prá ver...
E foi sangue jorrando,o peito apertando, o amigo atirando, cumprindo o dever

Medo da verdade!!

Medo do sexo, medo do nexo...
Medo do medo de vir a crescer...
Medo do saco, medodo sapo...
Medo do fillho que não vai nascer...
Medo da guerra, medo da fera...
Medo do dia em que vai morrer...
Medo da pemba, medo da menga
Medo do dia em que vai perder...

Medo...

Medo...

Medo da verdade!

Olha pro céu, faz a prece...
Não se apresse ao se despedir...
Grita, chora, se torce de ódio...
Mais pela traição,
Que pela bala no coração.




OS TROVÕES SUBTERRÂNEOS:
Esta música foi composta num período estranho de minha vida, onde tudo, pessoas e cachorros, paralelepípedos e corações pareciam ser feitos de concreto. Fala de fumaça e calor, ódio e profundidade e mais do que tudo, de desabafo. Meio Rap, meio João Bosqueana, diz o que é: o óbvio a muitos graus.
OS TROVÕES SUBTERRÂNEOS
(Yan Kaô)

Aqui de cima é um bom lugar par se ouvir:

- Os Trovões Subterrâneos!

Soando distantes nos limites da cidade
Onde se encontram as verdades dos leões
E dos ladrões de vidas...

Os muros falam pelos desesperados
E os viciados em utopias soltam sussurros que são abafados
Pelos Trovões Subterrâneos!!

Predios brotam ao infinito conduzindo granito ao céu
E o véu das garotas das ruas escondem infâncias tristes
Dos Trovões Subterrâneos!!

A neblina se dissipa levando os filhos da noite,
o carbono desce à terra, tirando a cor dos rostos
E nós, mortos, nos modificamos,
Sorrindo alegrias tortas com os rostos ocultos atrás das portas
querendo encontrar:

Os Trovões Subterrâneos!!

Até que alguém grita:

"A resposta está no reflexo das poças, nos espelhos e nos vidros embaçados dos carros...!

Os bichos conhecem os Trovões Subterrâneos!
Os cegos vêem os Trovões Subterrâneos!
Os índios entendem os Trovões Subterrâneos!
As crianças ouvem os Trovões Subterrâneos!

(Por que nós não?)

Eles estão no piso, no liso, nos fatos e lógicas.
Nas jóias pisadas, nas bombas erradas, nas visões e intenções
que explodem no seu peito na hora da raiva!
Que crispam seus dedos, na hora da dor!
Que te escapa da boca, na hora do gol!

Para compreender os ritos é só não conter os gritos de alegria!

Para compreender os mitos é só não conter os gritos de alegria!




BRASIL:

Esta é uma música muito especial para mim, pois depois de muitos anos enconstada (não conseguia pensar numa letra adequada), minha filha Thaís me mostrou um poema que havia composto sobre os países de língua portuguesa. Encaixou como uma luva e viramos parceiros!! Ficou tão legal que o espírito de Carmem Miranda encostou em mim e me disse: "Muito legal esse samba pesadão! Me lembrou os tempos em que eu morria de saudades do Brasil". Comovida, começou a cantar "Adeus batucada" de Sinval Silva e se despediu com um beijo. É claro que depois disso, inclui a canção como música incidental. Espero que gostem!!

BRASIL
(Yan Kaô/Thais Oliveira)

Eu quero ir para Angola de carro,
Vou tirar um sarro quando chegar lá...
Eu quero ir para Cabo Verde de táxi...
Talvez você ache que eu deva ficar...

Mas eu sei que vou voltar...

Eu quero ir para Serra Leoa de trem,
Para o Timor Leste e para Goa também...
Eu quero ir para Macau de camelo...
Vou patinar no gelo da Guiné Bissau...

Mas eu sei que eu vou voltar...

Eu quero ir para Moçambique de ônibus,
Vou ficar atônito lá em Portugal...
Eu quero ir para São Tomé e além!
Vou encontrar alguém que eu possa amar...

Mas eu sei que eu vou voltar para o Brasil!



RESSURREIÇÃO
Esta música é um Candombe, um ritmo da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Aqui foi gravado só o pedacinho final, onde o pau come feroz!




SUOR E SANGUE
Uma vez tive um sonho em que vi várias pessoas saindo do mar, eram antigos escravos, mas eram de todas as cores, não só negros. No sonho me cantaram a letra da música. Quando acordei, só coloquei as notas, e estava praticamente pronta. Destaque no finalzinho pra celebração de bateras e percussão em fúria, com Roberto Lerner, Rafael e Yan Kaô, esse que vos escreve.

SUOR E SANGUE
(Yan Kaô)

Nós temos razões para crer em nossas promessas
Nós temos razões para sobreviver...
Sentimos as ondas baterem em nossas pernas manchadas
De suor e sangue...

Nós que viemos, deixamos para trás
Nossos deuses e nossas crenças, prometemos...
Voltar e abraçar nossa descendência em nossos sonhos...